terça-feira, 26 de março de 2013

Sou como a pedra de Drummond, só não sei se sou a pedra ou se ela está no meu caminho.
Sou Luz que irradia em volta com energia própria.
Sou bruxa que amedronta e enfeitiça os olhos de criança.
Sou noite enluarada que em suas fases se enche e eclipsa ao menor suspiro.
Sou alguém que ama e precisa se sentir amada pra seguir adiante.
Sou o parto da poesia que se parte para me deixar coexistir.
Sou como Dom Quixote que luta contra os moinhos em busca da minha versão masculina da doce Dulcinéa.
Sou como alguém que grita por silêncio e morre sem som.
Sou uma "pomba branca" que se transmuta em uma "mulher bomba" a explodir em línguas!
Sou como a tempestade da música na voz da Elis!!!

Rebento (Gilberto Gil)

Rebento
Substantivo abstrato
O ato, a criação, o seu momento
Como uma estrela nova e o seu barato
Que só Deus sabe, lá no firmamento
Rebento
Tudo o que nasce é rebento
Tudo o que brota, que vinga, que medra
Rebento, claro como flor na pedra
Rebento, farto como trigo ao vento
Outras vezes rebento simplesmente
No presente do indicativo
Como as correntes de um cão furioso
Ou as mãos de um lavrador ativo
Às vezes mesmo perigosamente
Como acidente em forno radioativo
Às vezes, só porque fico nervosa, rebento
Às vezes, somente porque estou VIVA!
Rebento
A reação imediata
A cada sensação de abatimento
Rebento
O coração dizendo: bata!
A cada bofetão do sofrimento
Rebento, esse trovão dentro da mata
E a imensidão do som nesse momento

segunda-feira, 18 de março de 2013

"Somos prisioneiros de uma vaga loucura
Somos prisioneiros de um amor solitário
Somos prisioneiros de uma longa carência
Somos prisioneiros de uma amizade perdida

Liberdade para nós,
foge aos dedos
Criamos coragem para descobrirmos o infinito,
e construir muralhas.
Criamos coragem para abrirmos nossas portas,
e destruir frustrações.

Somos os iludidos da noite
Acreditamos nos outros, na fala
e no amor

Cremos podermos revolucionar o mundo
e nós mesmos
Gritamos felizes por uma vitória oca
e caímos por terra frente a luta

Somos prisioneiros de nós mesmos
e vencemos a eterna luta de nos destruirmos
Somos enfim, a única crença do amanhã
Pois ainda existimos
dentro de nossa loucura"

"Sempre vejo folhas cairem no chão e não mais quero ter que arrumá-las.
As pus na mesa, arrumadas, e caso elas caiam com o vento, ajudarei a soprá-las.
Me programei para voar junto com as folhas,
metamorfoseei-me e me fiz igual a elas.
Estou em cima delas esperando por voar.
Não mais quero pesar sobre elas."
Ciana Luna 24/02/00
"Fiz um pedido à
Papai Noel.
Que haja chuva
e que ela me molhe
Lavando da alma
o que não consigo tirar
Não sei se pintura
ou sujeira
Mas que limpe de
mim o amargor
de um vazio
que ecoa
no silêncio angustiante
a espera de te ouvir...
Ao menos ouvir..."
Ciana Luna 31/12/03
Passei alguns anos da minha vida ouvindo a mesma ladainha nos meus ouvidos em diferentes momentos, mas com a mesma pressão que a palavra imprimia a cada circustância em que se apresentava.
Se hoje exponho aqui alguns escritos que chamei de "IMPULSOS", por serem uma forma de amenizar a dor de um momento do qual mesmo sem grilhões me sentia acorrentada, é apenas para mostrar que tive sim meus momentos de fraqueza, de dor, de arrependimento, mas principalmente, que nunca me fiz de vítima. Cada experiência vivida me serviu de aprendizado, de crescimento e que estou de pé, e que nunca caí, nunca me permiti abater. Esse escrito é um pequeno relato das muitas situações ruins que vivi em silêncio profundo.

O "IMPULSO" que segue abaixo não é um dos melhores, nem tem nada de poético, mas com certeza quando me abria a frente de um pedaço de papel, sentia um pouco menor o peso a que tinha me permitido carregar nos ombros...

"Desgraçada
Por trabalhar enquanto as horas passam
Desgraçada
Por ter sido o que você quis
Desgraçada
Por te amar
Desgraçada
por te deixar fazer o que quis comigo
Desgraçada
Por não responder a altura seus xingamentos
Desgraçada
Por te dar ouvidos a todo o momento
Desgraçada
Por não conseguir mais amar
Desgraçada
Por não gritar aos bofetões
Desgraçada
Por descobrir que não te quero mais
Desgraçada
Por ainda estar ao seu lado
Desgraçada
Por te respeitar
Desgraçada
Por ainda não te trair
Desgraçada por pagar a contas
Desgraçada por ainda te servir quando queres
Desgraçada
Por ainda não te ter nojo
Desgraçada
Por te deixar na Internet o dia todo
Desgraçada por bancar o velox
Desgraçada por te comprar um carro
Desgraçada por você desgraçada
Por ainda estar ao seu lado
Sendo tão desgraçada"
00:25 – 27/08/07


"Quero mãos dadas
Passeio no parque
Com gosto de algodão doce no céu da boca
Andar na roda-gigante
Olhar de soslaio entre o cruzar de pensamentos
Esbarrar as mãos
Enrubescer com o encontro
Quero amor de criança
Puro feito as nuvens do céu"
Ciana Luna

"Me faça ver por entre as janelas
Os olhos da sua alma
Que se aproximam da minha
Me deixando tonta
Como os de um paparrazzi
Que te seguem sem destino
Em busca de uma manifestação
contrária ao que todos pensam
Não me deixe pecar
O pecado do sentimento impuro
Me permita ser o que sou
Me permita amar sem medo
Me permita amar te amando
Poder pensar
Sonhar
esquecer
e ternamente lembrar
para que
quando as lágrimas brotarem
dos olhos que se escondem
Eu poder me apaixonar por você
todas as vezes"
Ciana Luna
"A música que me invade
Se espalha pela alma
Tomando tudo o que encontra pela frente
Não me permitindo ser o que sou
E sim o que ela é"

Ciana Luna
"Suo a cada suspirar por um novo dia que vai chegar
Não sei se por medo do escuro que acaba
ou pela escuridão do dia que começa"

Ciana Luna
"Tento escrever,
meus dedos doem
doem a dor de quem não tem mais alma
de quem perde a poesia
por tentar dividir o tempo
por tentar ser normal"

Ciana Luna
"O ronco é a criação do demônio
para poder transformar a vida das mulheres num inferno."
Ciana Luna
"Busquei seus olhos
no azul distante
do passado
que se apagou

Busquei o sonho
perdido no que não se concretizou
Busquei a esperança esquecida
que me fazia querer que a vida fosse mais além
do que uma réles poesia me convém"



Ciana Luna
"Canção ao Vento Distante

Quando o sopro me fez ouvir seu gemido
tremi a elegia de me sentir coagida
com medo de saber que poderia
caber dentro de uma caixinha
a saudade que sentia"



Ciana Luna
"Se a noite me apaga o dia
durmo e sonho
com o desejo de ver o sol
amanhecer o dia
para ter a ânsia de esperar a noite chegar."

Ciana Luna
"Busquei uma masmorra num dos castelos erguidos no meu passado, era fria e sombria, e possuía um espécie de janela pequena gradeada por madeira forte, de onde era possível admirar o horizonte. Essa vista preenche todos os espaços que antes disse sombrios e frios. Me mantém segura. Posso ver o mundo a minha volta e ficar ali. Nada pode chegar até a masmorra, mas eu posso sair. A chave de lá, está sempre guardada comigo, amarrada a meu pescoço. Assim me mantenho segura. Nada entra e muito menos eu saio por embevecer-me com a vista preciosa descoberta em meio a escuridão e aparente frieza daquele espaço. Dali é possível escutar o canto dos pássaros, sentir a brisa a tocar meus cabelos e sonhar... Por vezes olho em direções diversas, mas sempre do lado de fora, e vejo pessoas. Tenho vontade de sair do calabouço, ensaio os passos e quando me aproximo da porta, o terror assombra meus sentidos e retomo a posição de mera observadora do horizonte. Sorrio, pois sinto a luz do sol a iluminar meu rosto como que a confirmar minha decisão de ali continuar." Ciana Luna (Direto do Túnel do Tempo)
"Faz algum tempo que deixei uma das minhas armaduras, para colocar outra! Isso pq não me vejo como fênix renascendo das cinzas, isso seria leve e suave demais para o que de fato acredito ser meu processo de transformação constante. Mas renasço de mim mesma, extraindo de mim o que realmente vale à pena levar. Cada vez ponho mais emblemas na bainha da espada, como referência ou amuletos do passado que deixei para traz que não podem ser esquecidos e que me protegem por me fazerem lembrar de algo que não sou mais. A cada batalha renovo a armadura e o elmo que nunca saem da minha cabeça e do meu corpo, senão por alguns momentos capazes de me fazerem sentir o vento no rosto, a refrescar a pele, alimentando cada vez mais a sede de retomar a batalha." Ciana Luna (28/11/12)